Um local de grande movimentação de clientes que transitavam pelas ruas em busca de todo tipo de produto. Em época de feriados, a exemplo do São João ou final de ano, as lojas de rua ficavam apinhadas de pessoas. Esse era o cenário há muitos anos da Baixa dos Sapateiros e da Barroquinha, antigo centro comercial de Salvador. Agora, o que resta é um bairro comercial com inúmeros estabelecimentos de portas fechadas.De lojas de roupas a utensílios para casa, lojas de móveis, artesanato, bares e restaurantes.
A Baixa dos Sapateiros era um local vivo. Pessoas de cidades vizinhas a Salvador faziam questão de comprar uma roupa, por exemplo, nessa região. Contudo, ao longo dos anos, o comércio local decaiu bastante. Um dos piores momentos, foi a pandemia da covid-19. Quem é proprietário de algum estabelecimento comercial, ainda consegue sobreviver, mesmo com poucos clientes. Entretanto, quem não podia ter seu próprio comércio, precisou fechar as portas.A vendedora Valdileia Amaral, que trabalha na região há mais de 20 anos, conta que antes os clientes enchiam as lojas, mas que agora o cenário é outro. “Em época de feriado a gente trabalhava de domingo a domingo, porque o movimento era bom. Agora o fluxo caiu bastante, mesmo assim, estamos aqui, pois confiamos no comércio local. Ainda temos clientes fiéis que gostam de comprar aqui, pois acham muita coisa. Na minha opinião, o que fez o comércio aqui dar uma caída foi porque tiraram alguns ônibus. Tinham muitos ônibus que vinham da Região Metropolitana, por exemplo. Além disso, também teve a chegada do metrô, né?!”, afirmou.
Cinema Não era somente das lojas comerciais que viviam a Baixa dos Sapateiros e a Barroquinha. Lá também era um grande centro cultural que, por um longo tempo, abrigou cinemas de rua renomados da capital baiana. Um exemplo disso é o Cine Jandaia, que foi inaugurado em 1911. Nos seus anos de glória ele recebeu grandes artistas, a exemplo de Carmem Miranda, Pablo Neruda, Dalva de Oliveira, Guimar Novaes, Zoraide Aranha, dentre outros.O cinema tinha capacidade para 2.200 espectadores, porém há muito tempo ele encontra-se em ruínas. Por meio das janelas quebradas ainda é possível ver uma parte do belíssimo teto do cinema. Além das portas e janelas destruídas, é possível ver que a vegetação tomou conta do espaço.Lojistas reclamam que o local declinou depois que foram retiradas as linhas de ônibus | Foto: Romildo de JesusPara o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado (Sindilojas/BA), Paulo Motta, é preciso que haja uma intervenção do poder público estadual e municipal no antigo centro comercial de Salvador.
“O problema do comércio na Baixa dos Sapateiros é que o local foi abandonado pelo estado. O comércio, o artesanato ordinário e também os restaurantes, toda essa estrutura foi eliminada pela ausência do estado e do município. Falta segurança e também há uma falta de revitalização desse antigo centro comercial”, pontuou.Morador de Dias D’Ávila, Manuel de Jesus conta que sempre vai à Baixa dos Sapateiros com a esposa. Contudo, ele lamenta o atual cenário do grande centro comercial. “Geralmente a cada quinze dias eu e minha esposa estamos aqui. Fazemos isso há mais de 15 anos, quando tudo aqui era repleto de lojas. Hoje em dia, ver essas lojas fechadas dá uma tristeza. A cidade era mais alegre, as pessoas tinham mais vontade de vir. Agora, a cada 10 lojas, 9 estão fechadas. Aí fica difícil”, disse.
Revitalização Terminal Barroquinha
Se por um lado, a Baixa dos Sapateiros precisa de um pouco mais de atenção do poder público, por outro, a Barroquinha já recebeu uma repaginação. O terminal da Barroquinha, que fica localizado no final da Avenida José Joaquim Seabra, passou por uma requalificação que teve um investimento de R$6 milhões. O projeto foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira. Dentre as melhorias do local está a redistribuição dos abrigos dos ônibus, segurança viária, além da implantação de acessibilidade e boxes para ambulantes.